quarta-feira, dezembro 05, 2007

Que sina!




Sou escolado em trabalhar em lugares que estão sempre passando por dificuldades financeiras ou as pra lá de manjadas "fases de transição".

Na época em que eu estagiei na Rádio da Ufrgs, pairava no ar o fantasma da privatização da universidade pública. Vivíamos a Era Collor e começavam a escassear os recursos para a educação superior. Os orçamentos eram enxutos e os investimentos para a emissora eram rasos. Contratação de pessoal, nem pensar!

Recém-formado em jornalismo, encontrei na Rede Bandeirantes meu primeiro emprego com carteira assinada, oba! Entrei no plantel da Band FM que, na época, empregava 13 jornalistas. Ao mesmo tempo que a emissora foi adquirindo computadores para a redação, o quadro de profissionais foi diminuindo, diminuindo... Vivíamos a famosa fase de "reengenharia". Um belo dia, o diretor da REde, Bira Valdez, reuniu todos os funcionários no estúdio B da TV para anunciar que a "empresa ia bem". Semanas após, houve um "passaralho" (jargão jornalístico que significa demissão em grande escala) e o quadro de 30 jornalistas que trabalhavam nas quatro mídias da empresa (TV, Ipanema e Band AM e Band FM) foi reduzido para menos da metade. Entre os atingidos, estava eu. Foi muito emocionante, a minha primeira demissão. Meses depois, eu estava de volta, mas a Band sempre foi uma corporação muito instável. A gente anoitecia empregado e corria o risco de amanhecer desempregado.

A Caldas Júnior, no tempo que era dirigida pelos Ribeiro, não tinha estresse nenhum. Meu saudoso amigo Clóvis Ott, responsável pela Editoria Internacional do Correio do Povo, dizia que a Cajú era tipo o INSS. Depois de se encostar na empresa, o cara só saía se morresse. O Jornal do Comércio também não. Entretanto, se não havia perigo de ser demitido por qualquer coisa, a empresa também não investia em melhorias. Saí de lá no início de 2003 e o número de computadores que tinham acesso à internet não enchia uma mão. Na minha breve volta, no início deste ano, eu trabalhei em um pc que ainda usava o Windows 98 como sistema operacional...

Os quatro anos que passei no governo do Estado, meu Deus do céu... Era uma choradeira por falta de grana. Faltavam investimentos para o profissional (pelo menos, ao pessoal que realmente queria trabalhar), demoraram 3 anos e meio para trocar toda a rede computadores que estavam uma década defasados, teve um ano em que fomos proibidos de tirarmos férias nos meses de janeiro e fevereiro, havia sempre o fantasma do atraso no 13º salário e o governador sempre falando que o Rio Grande do Sul estava falido...

Que sina, meu Deus!

Um comentário:

Ferdibrand disse...

Interessante, Gerson, como certas situações de dificuldade são duradouras... mais provisórias que a CPMF. Às vezes penso em fazer mestrado aprofundando minha monografia sobre a Rádio da Ufrgs, que data de 1992. De lá para cá, as condições da universidade pública melhoraram?