terça-feira, junho 19, 2007

Outra vez "afoxé"

Ontem, ao final da aula, passei para os alunos o endereço do meu humilde Blog du Brisa. E chamou atenção o nome e novamente me perguntaram o significado de "afoxé".

Como já estava no final da aula e eu não teria tanto tempo assim para explicar toda a história, falei que se tratava de um ritmo africano, cujo maior divulgador é o grupo baiano Filhos de Gandhi, que sai às ruas nos dias de carnaval em Salvador, todos vestidos de branco, cantando músicas sobre a paz, o amor e a fraternidade, e que o hoje ministro Gilberto Gil é padrinho do grupo desde a década de 1970. Então, vai novamente a explicação completa...

O afoxé tem três significados. Pode ser um ritmo, um instrumento musical e tem um significado religioso.

No ritmo, o afoxé em alguns lugares também é conhecido como Ijexá. Afoxé é um ritmo do candomblé. A marcação do agogô é sua batida característica, tornando esse ritmo facilmente identificável. O Afoxé se tornou popular, principalmente pela atuação do grupo baiano Filhos de Gandi. Cantores renomados como Gilberto Gil, Clara Nunes, Maria Bethânia e Caetano Veloso também interpretam afoxés, contrubuindo também para a difusão do ritmo.

O afoxé instrumento musical é composto de uma cabaça pequena redonda, recoberta com uma rede de bolinhas de plástico. Pode ser de madeira e/ou plástico com miçangas ou contas ao redor de seu corpo. O som é produzido quando se gira as miçangas em um sentido, e a extremidade do instrumento (o cabo) no sentido oposto. Antigamente era tocado apenas em centros de umbanda e no samba. Atualmente, o afoxé ganhou espaço no reggae, música pop e na chamada "axé music".

E na questão religiosa, o afoxé, também chamado de "candomblé de rua" - é um cortejo de rua que sai durante o carnaval. Sua origem remonta a uma tradição milenar africana: os caminhos sagrados para chegar aos orixás. As principais características são as roupas, nas cores destas divindades africanas, as cantigas em dialeto iorubá, instrumentos de percussão, atabaques, agogôs, afoxés e xequerês. Podem ser encontrados no carnaval da Bahia, em Salvador, e nas cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Quando eu estava procurando um nome para o blog, eu estava escutando um antigo samba enredo, de uma escola de samba de Niterói chamada Acadêmicos do Cubango. O nome do samba era justamente Afoxé, do carnaval de 1979, um belíssimo samba, diga-se de passagem. Achei legal o nome, oportuno, e aí está.

Quem quiser conferir o "samba que deu origem à série", estejam à vontade...



Autores: Heraldo Faria e João Belém

Abrindo o portão imaginário
Do longínquo solo africano
A Cubango traz para o cenário
Afoxé, tema original
Do reino de Oloxum
Na festa de Domurixá
Em homenagem a Oxum
Deusa da nação Ijexá
Onde a figura principal
Era o boneco Babalotim
Mensageiro da alegria, da força do axé
Um ídolo menino, levado por menino em sua fé
E assim teve origem o afoxé

Afoxé lorin, é lorin
Afoxé loriô, é loriô


Nesta festa desfilavam com riquezas
Os soberanos orientais
O advinho joga búzios com presteza
Desvendando o futuro e o que ficou pra trás
Tem as cortes dos reis Lobossi e Obá Alaké
Xangô em seu camelo sagrado
Esta é a história do afoxé
Que hoje desfila pelas ruas em rituais
Louvando os orixás

Ofi la laê, Olê loá
Ofi la laê, Olê loá

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bonito esse samba...

Ele será reeditado pela Acadêmicos do Cubango no Carnaval de 2009.
Farei parte da Bateria.

Na verdade, somente o enredo será reeditado... porque esse samba foi cantado pela escola, quando ela desfilava pelo carnaval de Niterói, em 1979.
Passou a desfilar no RJ na década de 90 e por isso é um samba inédito, na cidade.

Abraços